segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Quem Eu Sou.'.

Dimas Reis Gonçalves, nascido no dia 30.07.1987 em São Paulo, morador desde então da zona norte, mais especificamente, Vila Brasilandia.

Cresci em uma dualidade não muito expressiva de dois tios traficantes e um pai polícia, de um lado a crítica a um sistema de forma caótica e suicida do outro a aceitação de um sistema, do moldar-se por ele, por sua rigidez e por suas regras repressoras. Na excência destas pessoas existe e existia a espiritualidade e a amizade, coisas que foram imprecindiveis para o meu crescimento, de um dos meus tios aprendi a parte prática da vida, o fazer, íamos todos os finais de semana para um sítio abrir o mato, construir, relaxar, entrar em contato com a família... pessoa que passou e me ensinou a continuar sonhando... doía pra ele ter se encaminhado pra "esta vida", mas ele arcava com o preço de sua opção, e fazia de seus últimos dias ao nosso lado, dias de alegria e aprendizado... nossa escrevendo agora percebo que antes que ele falece-se, após ter fugido, foi um momento de compartilhar conosco uma força que hoje me permite alimentar meus sonhos e transformações, dentro e fora de mim.

Desde muito pequeno tive sensações de coisas denominadas espirituais, conforme fui crescendo estas sensações aumentaram, me conduziram por vivências que me transformavam constantemente, com muita facilidade me relacionava com todos os grupos na escola, não pertencia a nenhum, necessitava estar no macro, ainda na escola me lembro que nunca os grupos que participei ganharam o grêmio estudantil, mas isto não me barrava, me articulava com os grêmios eleitos e com a direção e juntos construíamos propostas voltadas a produção cultural e política, assim fizemos o I Fórum de Grêmios da Zona Norte, reunindo escolas públicas e particulares da região que discutiram as relações educando/educador, envolvimento dos educandos em movimentos políticos em andamento na sociedade como a ALCA e na época o que fazer com um presídio ( o Carandirú) q logo seria impludido.

Quando mais novo queria ser rico, pois assim, acreditava eu, poderia tirar todos os moradores da rua e lhes dar moradia, alimentação. Crescendo percebi que pela minha situação social, muito demoraria até que este objetivo fosse alcançado, a não ser que...há sim... não precisava ser rico, precisava fazer algo mesmo que pequeno e com o tempo esta pequena semente iria germinar, crescer e se tornar uma bela árvore. Busquei formas de contribuir para o ambiente em que me encontrava e conheci as possibilidades de recursos disponíveis nas sub-prefeituras e por meio de um projeto de leitura, de biblioteca comunitária, conheci em 2004 o Instituto Sala 5. No começo só iria me responsabilizar pela biblioteca, mas tinha mais podia fazer mais e fizemos: intervenções artísticas, oficinas teatrais dentre outras coisas que pelo contato do Instituto com outras instituições proporcionaram oportunidades há alguns jovens da Brasilandia, inclusive a eu.

Mas sentia que não era esta ação à qual me impelia, um sonho se gerava em mim e não se definia a sua forma, foi então que em 2006 comecei a trabalhar no Centro Cultural da Juventude e tive contato tanto com o Fazer, quanto com a produção cultural e a importância de fomentar as ações de juventude dentro de suas comunidades. Conheci orientadoras teatrais que através de seus processos desconstruia a idéia de doença mental, vi corpos se transformando, vi identidades se construindo, senti algo em mim se definindo... nesta época minhas mãos começaram a esquentar, muito, muito, eu assoprava e continuava a esquentarem, se desenvolvia em mim o dom da cura... em um dia curioso com este calor e me lembrando das ventosas utilizadas na terapia oriental , resolvi colocar minhas mãos sobre as costas de uma amiga com dor, derrepente ela me olha assustada e pergunta - "o que você fez, tava uma dor de rocho, num sinto mais nada?" "Não sei?" - comecei então a buscar saber, foi neste processo que me dei conta do que era meu sonho, ele começava a transbordar por minhas mãos e começava a entender também que esta cura não se definia somente como uma imposição de mãos, curar também é construir, e criar.

Construir, criar um outro sistema, não dispersar nossas energias conflitando com este sistema já repressor, já falido e sustentado pela ignorância e interesse dos conhecedores da máquina. Por meio do olhar-se, na excência, no que possuímos de divino, o sonhar, o amor, a fortaleza, a intuição, a imaginação e outras muitas coisas, instrumentos desta nossa obra, se Deus é todas as coisas, Eu Sou Deus, sou também criador de minha realidade e subjetividade. Pensar que pessoas conscientes de si, possuidoras de uma individualidade rica, dispostas a trocar, a construir, a transformar as relações em relações livres de repressão, de esconderijos, personagens do cotidiano, são necessárias para uma co-evolução para o florescer de uma sociedade pautada em algo que sinto mas não sei definir, isto que habita nossos corações, nossos sonhos, uma sociedade Humana.Humus.

Sonho em ver os Deuses sobre a Terra, uma sociedade una e diversa, onde há de florescer em amor, e plenitude. Pra isto cabe a nós Guerreiros, Anjos de Luz despertar aqueles que ainda se encontro em sono letárgico, orientar aqueles que se encontram perdidos, abrir-se para nos fortalecermos com o saber de outros que caminham na busca de Sonhar.

Dimas Reis .'.
Namastê

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